O POVO E A REFORMA POLÍTICA
O POVO E A REFORMA POLÍTICA
É preciso coragem para reconhecer que o povo não está nem aí para a
reforma política. Proibir coligações partidárias, reduzir o número de
partidos, votar para deputado em listas preparadas pelos partidos,
acabar com os suplentes de senador, estabelecer o voto distrital,
determinar o financiamento público das campanhas – essas e outras
alterações na legislação podem interessar às elites, mesmo assim de
forma parcial. O povão, quer dizer, o trabalhador, o estudante, o baixo
assalariado, não se interessam por esses detalhes. Talvez nem os jovens
que vem saindo às ruas para protestar, porque eles protestam por valores
muito mais concretos: o funcionamento dos serviços públicos, dos
hospitais, das escolas e universidades, o preço das passagens nos
transportes coletivos, a necessidade de se acabar com a corrupção, a
importância de botar os corruptos na cadeia, a abertura de novos
empregos, a contenção do custo de vida e demais reivindicações ligadas
ao dia-a-dia de cada um.
LEVANTA-SE...
...uma espécie de cortina-de-fumaça manipulada pelas elites, a
começar pela presidente Dilma, o Congresso e os meios de comunicação,
como se a reforma política se encontrasse em pé de igualdade com as
carências que tem levado multidões a quebrar a rotina de vida no país
inteiro. Muito mais importante, para elas, foi a redução das tarifas de
ônibus e metrôs, como tem sido as promessas de melhoria da prestação de
serviços nos hospitais, escolas públicas, rodoviárias e aeroportos.
Claro que também fundamental para o grito de revolta nacional inclui os
gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Mas reforma
política?...
BALANÇO AINDA IMPOSSÍVEL
Nas lojas comerciais de antigamente aproveitava-se o final do ano
para os tradicionais “balanços”. Não raro eram suspensas as atividades
normais, até o relacionamento com o público, de forma a se recontar tudo
o que permanecia nas prateleiras, assinalando-se seus devidos valores.
Entre o que foi comprado e o que foi vendido, o que foi pago e o que foi
recebido, verificava-se ter a empresa dado lucro ou prejuízo. Hoje os
computadores fazem tudo, dia a dia, permitindo conhecer movimento e
resultados na hora mesmo em que se realizam.
O PREÂMBULO...
...se faz a respeito das manifestações populares verificadas no país
inteiro. É cedo para um balanço, pode-se no máximo colher pelos
telejornais da noite ou os jornais do dia seguinte uma relação do que
aconteceu. Quantas passeatas pacíficas de protesto, onde houve
depredação e vandalismo, como se comportaram as polícias militares, o
número de feridos, até de mortos, o prejuízo dos estabelecimentos
privados e de propriedades públicas.
Agora, saber se é positivo ou não o saldo do movimento, só mesmo com
um balanço no final de tudo, portanto ainda impossível de ser efetuado,
já que as manifestações parecem longe de terminar. As votações
meteóricas e surpreendentes, no Congresso, engrossam a coluna do
“haver”, mas o que dizer da ação dos animais que aproveitam para
assaltar, invadir e furtar? Ou dos efeitos das balas de borracha, dos
sprays de pimenta, do gás lacrimogêneo ou das pedras, bolas de gude e
petardos de toda espécie que cruzam praças, ruas e avenidas?
TRADUZINDO:
Por enquanto não dá para saber o resultado final dessa convulsão que
nos cerca. Boa porque exprime participação popular e pressão sobre
instituições antes entregues ao marasmo. Má porque trás em seu bojo
oportunidades amplas para a prática de crimes explícitos. A conclusão é
de que as manifestações das últimas três semanas mexeram com o Brasil
inteiro. Do real ao formal. Quanto às consequências, será bom aguardar.
Carlos Chagas
carloschagas37@uol.com.br
O Painel Diário é um espaço aberto ao leitor.
Dúvidas, sugestões e críticas podem ser feitas pelo
email: paineldiario@diariodemarilia.com.br
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O POVO E A REFORMA POLÍTICA
O POVO E A REFORMA POLÍTICA
É preciso coragem para reconhecer que o povo não está nem aí para a reforma política. Proibir coligações partidárias, reduzir o número de partidos, votar para deputado em listas preparadas pelos partidos, acabar com os suplentes de senador, estabelecer o voto distrital, determinar o financiamento público das campanhas – essas e outras alterações na legislação podem interessar às elites, mesmo assim de forma parcial. O povão, quer dizer, o trabalhador, o estudante, o baixo assalariado, não se interessam por esses detalhes. Talvez nem os jovens que vem saindo às ruas para protestar, porque eles protestam por valores muito mais concretos: o funcionamento dos serviços públicos, dos hospitais, das escolas e universidades, o preço das passagens nos transportes coletivos, a necessidade de se acabar com a corrupção, a importância de botar os corruptos na cadeia, a abertura de novos empregos, a contenção do custo de vida e demais reivindicações ligadas ao dia-a-dia de cada um.
LEVANTA-SE...
...uma espécie de cortina-de-fumaça manipulada pelas elites, a começar pela presidente Dilma, o Congresso e os meios de comunicação, como se a reforma política se encontrasse em pé de igualdade com as carências que tem levado multidões a quebrar a rotina de vida no país inteiro. Muito mais importante, para elas, foi a redução das tarifas de ônibus e metrôs, como tem sido as promessas de melhoria da prestação de serviços nos hospitais, escolas públicas, rodoviárias e aeroportos. Claro que também fundamental para o grito de revolta nacional inclui os gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Mas reforma política?...
BALANÇO AINDA IMPOSSÍVEL
Nas lojas comerciais de antigamente aproveitava-se o final do ano para os tradicionais “balanços”. Não raro eram suspensas as atividades normais, até o relacionamento com o público, de forma a se recontar tudo o que permanecia nas prateleiras, assinalando-se seus devidos valores. Entre o que foi comprado e o que foi vendido, o que foi pago e o que foi recebido, verificava-se ter a empresa dado lucro ou prejuízo. Hoje os computadores fazem tudo, dia a dia, permitindo conhecer movimento e resultados na hora mesmo em que se realizam.
O PREÂMBULO...
...se faz a respeito das manifestações populares verificadas no país inteiro. É cedo para um balanço, pode-se no máximo colher pelos telejornais da noite ou os jornais do dia seguinte uma relação do que aconteceu. Quantas passeatas pacíficas de protesto, onde houve depredação e vandalismo, como se comportaram as polícias militares, o número de feridos, até de mortos, o prejuízo dos estabelecimentos privados e de propriedades públicas.
Agora, saber se é positivo ou não o saldo do movimento, só mesmo com um balanço no final de tudo, portanto ainda impossível de ser efetuado, já que as manifestações parecem longe de terminar. As votações meteóricas e surpreendentes, no Congresso, engrossam a coluna do “haver”, mas o que dizer da ação dos animais que aproveitam para assaltar, invadir e furtar? Ou dos efeitos das balas de borracha, dos sprays de pimenta, do gás lacrimogêneo ou das pedras, bolas de gude e petardos de toda espécie que cruzam praças, ruas e avenidas?
TRADUZINDO:
Por enquanto não dá para saber o resultado final dessa convulsão que nos cerca. Boa porque exprime participação popular e pressão sobre instituições antes entregues ao marasmo. Má porque trás em seu bojo oportunidades amplas para a prática de crimes explícitos. A conclusão é de que as manifestações das últimas três semanas mexeram com o Brasil inteiro. Do real ao formal. Quanto às consequências, será bom aguardar.
Carlos Chagas
carloschagas37@uol.com.br
O Painel Diário é um espaço aberto ao leitor.
Dúvidas, sugestões e críticas podem ser feitas pelo
email: paineldiario@diariodemarilia.com.br
É preciso coragem para reconhecer que o povo não está nem aí para a reforma política. Proibir coligações partidárias, reduzir o número de partidos, votar para deputado em listas preparadas pelos partidos, acabar com os suplentes de senador, estabelecer o voto distrital, determinar o financiamento público das campanhas – essas e outras alterações na legislação podem interessar às elites, mesmo assim de forma parcial. O povão, quer dizer, o trabalhador, o estudante, o baixo assalariado, não se interessam por esses detalhes. Talvez nem os jovens que vem saindo às ruas para protestar, porque eles protestam por valores muito mais concretos: o funcionamento dos serviços públicos, dos hospitais, das escolas e universidades, o preço das passagens nos transportes coletivos, a necessidade de se acabar com a corrupção, a importância de botar os corruptos na cadeia, a abertura de novos empregos, a contenção do custo de vida e demais reivindicações ligadas ao dia-a-dia de cada um.
LEVANTA-SE...
...uma espécie de cortina-de-fumaça manipulada pelas elites, a começar pela presidente Dilma, o Congresso e os meios de comunicação, como se a reforma política se encontrasse em pé de igualdade com as carências que tem levado multidões a quebrar a rotina de vida no país inteiro. Muito mais importante, para elas, foi a redução das tarifas de ônibus e metrôs, como tem sido as promessas de melhoria da prestação de serviços nos hospitais, escolas públicas, rodoviárias e aeroportos. Claro que também fundamental para o grito de revolta nacional inclui os gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Mas reforma política?...
BALANÇO AINDA IMPOSSÍVEL
Nas lojas comerciais de antigamente aproveitava-se o final do ano para os tradicionais “balanços”. Não raro eram suspensas as atividades normais, até o relacionamento com o público, de forma a se recontar tudo o que permanecia nas prateleiras, assinalando-se seus devidos valores. Entre o que foi comprado e o que foi vendido, o que foi pago e o que foi recebido, verificava-se ter a empresa dado lucro ou prejuízo. Hoje os computadores fazem tudo, dia a dia, permitindo conhecer movimento e resultados na hora mesmo em que se realizam.
O PREÂMBULO...
...se faz a respeito das manifestações populares verificadas no país inteiro. É cedo para um balanço, pode-se no máximo colher pelos telejornais da noite ou os jornais do dia seguinte uma relação do que aconteceu. Quantas passeatas pacíficas de protesto, onde houve depredação e vandalismo, como se comportaram as polícias militares, o número de feridos, até de mortos, o prejuízo dos estabelecimentos privados e de propriedades públicas.
Agora, saber se é positivo ou não o saldo do movimento, só mesmo com um balanço no final de tudo, portanto ainda impossível de ser efetuado, já que as manifestações parecem longe de terminar. As votações meteóricas e surpreendentes, no Congresso, engrossam a coluna do “haver”, mas o que dizer da ação dos animais que aproveitam para assaltar, invadir e furtar? Ou dos efeitos das balas de borracha, dos sprays de pimenta, do gás lacrimogêneo ou das pedras, bolas de gude e petardos de toda espécie que cruzam praças, ruas e avenidas?
TRADUZINDO:
Por enquanto não dá para saber o resultado final dessa convulsão que nos cerca. Boa porque exprime participação popular e pressão sobre instituições antes entregues ao marasmo. Má porque trás em seu bojo oportunidades amplas para a prática de crimes explícitos. A conclusão é de que as manifestações das últimas três semanas mexeram com o Brasil inteiro. Do real ao formal. Quanto às consequências, será bom aguardar.
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