domingo, 6 de janeiro de 2013


Diretora estadual da Apeoesp fala sobre luta por melhores salários para os professores

SINDICALISTA - Carmem Urquiza, diretora estadual da Apeoesp, fala sobre a luta dos professores pela busca da qualidade no ensino - Foto: Arquivo
Diário Entrevista desta semana tem a participação da professora e diretora estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado), Carmen Luiza Urquiza de Souza, 57.
Formada em letras, ela atua como professora há 28 anos. Na diretoria sindical ela está há 12 anos. Natural da cidade de Santa Fé (PR), Carmem é viúva do vereador Sydney Gobetti, que faleceu em junho de 2012. Ela é mãe de Rodrigo Gobetti de Souza (in memorian) e Renato Gobetti de Souza.
Durante a entrevista ela elenca as principais dificuldades à frente do cargo e como o sindicato tem buscado aumentos salariais para a categoria. Ela também comenta sobre a defasagem salarial que chega a 36%. Além disso, a diretora fala da necessidade do resgate do ensino público de qualidade e da questão da violência enfrentada nas escolas. Carmem atenta ainda para a questão dos problemas de saúde enfrentados pelos professores que têm, entre outros motivos, a exaustiva jornada de trabalho.
A diretora aponta os números de sindicalizados e os benefícios assegurados a eles.
Qual o papel da diretora estadual da Apeoesp?
Organizar, defender e atender todos os associados, prioritariamente, e também estender os benefícios e conquistas a toda categoria. A Apeoesp tem como finalidade salvaguardar os interesses diretos, individuais e coletivos da categoria profissional que representa, inclusive nas instâncias judiciais e administrativas; além de desenvolver e organizar encaminhamentos conjuntos visando a unidade e a unificação de todas as entidades representativas dos trabalhadores em educação, no âmbito do ensino público; lutar, juntamente com outros setores da população pela melhoria do ensino, em particular do setor público e gratuito, em todos os níveis; e por fim batalhar ao lado de outras categorias, por organização, manifestação e expressão para todos os trabalhadores.
Atualmente, quais as principais dificuldades no cargo?
As dificuldades no cargo se materializam no enfrentamento de uma política neoliberal, autoritária e excludente, definida pelo Governo do Estado de São Paulo que penaliza os professores e a educação. O modelo educacional paulista é marcado pelo autoritarismo e pela centralização do projeto político-pedagógico e descentralização administrativa, apostando na municipalização do Ensino Fundamental.
Quantos professores em Marília, região e no estado? O número é suficiente para atender a demanda?
Na região mais ou menos 2.500 professores (na ativa e aposentados). No Estado 220 mil professores. O número de professores atende a demanda, mas é necessário o fortalecimento da carreira para além da questão salarial. A Apeoesp questiona também a instabilidade e rotatividade dos profissionais, tendo em vista que grande parte possui vínculo temporário ao invés da contratação por meio de concurso público.
Quantos profissionais são sindicalizados? Quais os benefícios?
A Apeoesp tem 180 mil sindicalizados, o que a torna um dos maiores sindicatos da América Latina. Tem sua sede central na capital do Estado e 93 subsedes - 10 na capital, 17 na Grande São Paulo e 66 no interior.
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Esses sindicalizados têm como benefício a defesa e reivindicação dos seus direitos, atendimento jurídico, assistência médica, colônias de férias, casa do professor (hospedagem na Capital do Estado de São Paulo), entre outros.
Quais as principais conquistas da categoria nos últimos meses?
A Lei do Piso, que trata da questão salarial - estabelecimento e reajuste e o cumprimento de 1/3 da jornada extraclasse. É importante a existência desta Legislação, mas carece de efetivação em razão da maioria dos governos (estaduais e municipais) não a cumprirem. Outra conquista é de 10% do PIB para a Educação.
Quais as principais reivindicações da categoria?
Uma política de reajuste salarial, a recuperação das perdas salariais que hoje está avaliada em 36,8%, redução do número de alunos em sala de aulas, cumprimento de 1/3 da jornada extraclasse, novo plano de carreira que resgate a Lei Complementar 444/85, fim da precarização dos professores categoria “O”, intensificação da luta pela construção de creches e pré-escolas e gestão democrática e o resgate do ensino público de qualidade.
Como os professores têm lidado com a questão da violência na escola?
Com dificuldade, tem se discutido com a comunidade escolar e, principalmente, com os alunos, a necessidade da mudança do enfoque meramente repressivo para uma visão democrática da sociedade, da segurança e do combate ao crime. Registra-se o fracasso da política de militarização desenvolvida pelo governo do Estado de São Paulo. A Apeoesp defende a criação das escolas em tempo integral com a principal finalidade de minimizar as dificuldades enfrentadas pelas comunidades mais carentes.
Quais são os dados referentes a saúde dos professores da rede estadual? Os índices de depressão e afastamentos são altos?
Devido as precárias condições de trabalho, as jornadas exaustivas e os baixos salários, os professores têm enfrentado graves problemas de saúde. A Apeoesp, atenta a esta realidade, promoveu uma caminhada em defesa da saúde do professor na Capital Paulista e em diversas regiões do Estado em novembro de 2012. O último dado divulgado pelo IAMSPE é que na rede são 33 mil afastamentos por questões relacionadas à saúde no ano.
Como o sindicato avalia o ensino no estado? O que precisa melhorar?
Temas como valorização do profissional da educação, universalização do ensino médio e do ensino superior, qualidade do ensino básico e garantia do ensino infantil são apontados como as principais questões a serem superadas no sentido de colocar a educação a serviço do desenvolvimento soberano do país.




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