Círculo de confiança de Temer na mira: o que há de acusação?
7 mar 2017
11h42
atualizado às 12h28
Atuais e ex-ministros do chamado núcleo duro do poder, formado por
aqueles que auxiliam e influenciam diretamente o presidente, colecionam
inquéritos e citações em delações.O chamado núcleo duro do poder, aquele
que auxilia e influencia diretamente o presidente Michel Temer, está
praticamente desfeito. Atuais e ex-ministros do círculo de confiança do
Planalto enfrentam inquéritos e citações em delações. Veja as
principais:
Moreira Franco
VER MAIS
Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência
Amigo de Temer há mais de 20 anos, Moreira Franco ocupou até o início
de fevereiro o cargo de secretário do Programa de Parcerias de
Investimentos. Acabou sendo promovido ao cargo de ministro após o seu
nome ter sido citado em uma das delações da Odebrecht. Menos atingido
por denúncias do que outros membros do núcleo, teve sua influência
ampliada nas últimas semanas.
Suspeitas:
O executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho citou Moreira Franco 34
vezes em sua delação. Nas planilhas da empresa, o ministro apareceu com o
apelido "Angorá". Mello disse que tratou com Moreira - que ocupou o
cargo de ministro da Aviação Civil no governo Dilma Rousseff - os planos
da empreiteira na área de concessão de aeroportos. Melo relatou que
Moreira teria solicitado ainda recursos da empreiteira para o PMDB.
Moreira também foi citado em conversas de WhatsApp entre o ex-deputado
da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS.
"Eles tão chateados porque Moreira conseguiu de você para Michel 5 paus
e você já depositou inteiro e eles que brigaram com Moreira, você adia.
É isso", disse Cunha em um dos textos.
Moreira é alvo ainda de uma investigação do MPF do Rio de Janeiro que
apura o prejuízo causado por um erro no sistema de informática da Caixa
que pode ter resultado em um prejuízo de 1 bilhão de reais ao banco
público entre 2008 e 2009. O erro permitiu que a Caixa assegurasse
títulos "podres" de difícil recebimento no mercado. À época, Moreira
Franco era vice-presidente de Loterias e Fundos do governo.
José Yunes
Ex-assessor especial do gabinete da Presidência
Suspeitas:
Amigo de Temer há cinco décadas, Yunes deixou o cargo em dezembro após ser citado em uma delação da Lava Jato.
O executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse em delação que Yunes
recebeu parte dos 10 milhões de reais supostamente solicitados pelo
próprio Temer, em maio de 2014, em um jantar no Palácio do Jaburu. A
propina seria destinada para a campanha eleitoral do PMDB daquele ano.
Eliseu Padilha
Ministro-chefe da Casa Civil, Padilha está atualmente licenciado por
razões de saúde. É considerado o braço-direito do presidente.
Suspeitas:
Oficialmente, Padilha ainda não é investigado na Lava Jato, mas seu
nome foi citado várias vezes. O executivo da Odebrecht Cláudio Melo
Filho, por exemplo, disse que em maio de 2014 o então vice-presidente
Temer pediu 10 milhões de reais a Marcelo Odebrecht para serem usados em
campanhas eleitorais do PMDB. Segundo o delator, o dinheiro n
ão foi registrado oficialmente. Desse total, 4 milhões de reais
deveriam ser entregues a Eliseu Padilha. Ainda segundo Melo, a parte de
Padilha foi enviada para o escritório do ex-assessor da Presidência José
Yunes.
O ministro licenciado foi citado 45 vezes na delação de Melo. Na
planilha do Odebrecht, o apelido de Padilha era "Primo" - o documento
aponta ainda mais um pagamento de 1 milhão reais a Padilha. Otávio
Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, também disse em
depoimento que a sua empreiteira acertou com Padilha o repasse de 1
milhão de reais para Temer na campanha de 2014.
Além das suspeitas na Lava Jato, Padilha é alvo de investigações por
suspeita de grilagem de terras e crime ambiental no Rio Grande do Sul e
de mais uma acusação por crime ambiental em Mato Grosso.
Romero Jucá
Ex-ministro do Planejamento e atual líder do governo no Senado
Nomeado para o cargo de líder do governo no Senado no último fim de
semana, Jucá é alvo de oito investigações no Supremo Tribunal Federal
(STF). Em maio do ano passado, chegou a ocupar o posto de ministro do
Planejamento por dez dias antes de pedir demissão. Sua situação havia
ficado insustentável após o vazamento da gravação do infame diálogo com o
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Na conversa, Jucá sugeria
um pacto para frear a Lava ato e "estancar essa sangria". Apesar de não
ocupar mais nenhum ministério, Jucá continua próximo de Temer e é um dos
responsáveis por ajudar o pacote de reformas do governo no Senado.
Suspeitas:
Sua coleção de investigações no STF inclui o inquérito 3989, em que o
senador é investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha e corrupção passiva relacionados aos desvios na Petrobras ao
lado de outras figuras do PMDB. Três inquéritos apuram suspeita de
responsabilidade e contra a ordem tributária, apropriação indébita
previdenciária e falsidade ideológica, além de crimes eleitorais.
O restante dos inquéritos apura suspeita de corrupção passiva e ativa,
ocultação de bens e formação de quadrilha e obstrução da Justiça. Alguns
do inquéritos andam lentamente. Um deles, que investiga um esquema de
desvios de verbas federais para municípios de Roraima, tramita no STF
desde 2004. Só no ano passado o tribunal autorizou a quebra de sigilo
bancário do senador.
Em sua delação, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht
Cláudio Melo Filho disse que Jucá recebeu 22 milhões da empreiteira em
troca de apoio para medidas provisórias e projetos de interesse da
empresa. Na planilha de pagamentos/doações da empresa, o senador era
chamado de "Caju".
Geddel Vieira
Ex-ministro da Secretaria de Governo
Geddel balançou no cargo por vários dias antes de deixar o governo em
novembro passado. Ele era responsável pela articulação política entre o
Planalto e o Congresso
Suspeitas:
Um dos alvos da Lava Jato, Geddel deixou o cargo de ministro após ser
implicado em um caso não relacionado de tráfico de influência. O
peemedebista foi acusado de pressionar seu colega Marcelo Calero, que
chefiava a pasta da Cultura, para que usasse sua influência na liberação
da construção de um edifício de luxo em uma área histórica de Salvador.
Mesmo com a revelação do escândalo, Geddel se manteve firme no cargo
por uma semana graças ao apoio irrestrito de Temer. Só decidiu pedir
demissão quando o escândalo envolveu o próprio Temer.
Antes disso, o ex-ministro apareceu em mensagens do celular do
empresário Léo Pinheiro, da OAS, pedindo dinheiro para campanhas.
Investigadores suspeitam que Geddel junto com Eduardo Cunha pode ter
usado sua influência para atuar em favor da OAS dentro da Caixa (Geddel
ocupou uma vice-presidência do banco) e em outros órgãos.
O executivo da Odebrecht Cláudio Mello afirma que Geddel recebeu mais
de 5 milhões da empreiteira nas campanhas de 2006, 2008, 2010 e 2014. Em
troca, ele ajudou a liberar recursos federais para grandes obras e
apresentou uma emenda que atendia interesses da empreiteira. Nas
planilhas da empresa, Geddel era identificado pelo codinome "Babel".
publicidade
publicidade
publicidade
publicidade
publicidade


Nenhum comentário:
Postar um comentário