ALTO
CUSTO - Motorista Tiago Caetano chegou ontem a Marília com o caminhão
carregado com tomates: custo do frete tem pesado - Paulo Cansini
CARLOS RODRIGUES
A adesão de motoristas do sul e sudeste do Brasil ao fechamento de
estradas provoca o desabastecimento em cidades do norte do Paraná. Em
municípios como Santo Antônio da Platina (140 km de Marília) já falta
óleo e até arroz. A solução encontrada por alguns clientes paranaenses
tem sido recorrer a caminhoneiros de Marília que viajam para a região
pela rodovia Transbrasiliana (BR-153), ainda sem interrupções entre os
dois estados.
Teodoro Maradona, atacadista de hortifrutis com box no Ceasa (Central
de Abastecimento) de Marília, conta que além de cebolas e outros itens,
irá aproveitar a viagem para levar alguns alimentos. “A cliente nos
pediu e não temos como negar. A situação por lá está complicada”, conta.
Grandes fornecedores gaúchos e catarinenses deixaram de embarcar
produtos como frango, leite e óleo por receio de bloqueios nas estradas.
No Paraná, alguns frigoríficos pararam a produção e dispensaram
temporariamente os funcionários.
Devido aos corredores Castelo Branco (SP-280) e Raposo Tavares
(SP-270), onde o trânsito flui, o impacto em Marília é menor. Porém,
segundo fontes do setor supermercadista a preocupação aumenta com o
abastecimento de carne, leite e derivados. No Ceasa, câmaras frias
estocam algumas variedades de maças e peras, que podem ficar ainda mais
escassas com as barreiras ao produto do sul. Josemar Aparecido Pereira,
atacadista no Ceasa, conta que cebolas (colhidas no Paraná) e batatas
(Santa Catarina) também já começam a ficar escassas.
PROTESTOS
O motorista Tiago Caetano, 28 anos, chegou ontem a Marília com o
caminhão carregado com tomates. Os frutos vêm da região de Itapetininga,
com custo médio de frete de R$ 12 por caixa (22 quilos). Ele conta que
utilizou a Raposo Tavares e reclama dos trechos de pista simples e
asfalto irregular. Não encontrou estrada fechada, mas apoia o movimento.
“Numa viagem como essa, gastei um tanque (diesel) só para chegar até
aqui. Aí tem o custo do pedágio, o desgaste do caminhão. É muita
despesa, estamos pagando para trabalhar”, afirma. Após reunião no
Ministério dos Transportes, com garantia de congelamento no preço do
diesel por seis meses, associações recomendaram que os motoristas voltem
ao trabalho. Porém, a quinta-feira foi dia de novos protestos.
Na região oeste do estado, caminhoneiros cruzaram os braços na
rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294) em Pacaembu e
Parapuã. Motoristas cruzaram os braços e bloquearam veículos de carga,
mas segundo a Polícia Militar Rodoviária não houve confronto ou
depredações.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário