O que leva um adolescente a matar a família e se suicidar?
O que leva um adolescente a matar a família e se suicidar?
LUIZ FLÁVIO GOMES
Jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br.
Estou ao vivo no portal e TVAD
Quando imaginamos já ter visto tudo no campo da violência, eis que um
adolescente, de 13 anos, surge como suspeito de ter matado os pais, a
avó e uma tia-avó. Caso tenha mesmo sido o menor o autor da tragédia,
fica a pergunta: como pode um adolescente ser capaz de tamanha
violência? Os psicólogos e criminológos têm um amplo campo de trabalho.
Nós só temos condições de levantar hipóteses. A primeira: havia uma
abundância enorme de armas de fogo na casa em que ele habitava. Se ele
tinha contato frequente com essas armas, isso pode começar a nos
oferecer pistas explicativas. Uma segunda tese: o mal está banalizado em
toda América Latina (continente mais violento do planeta). Nossa
sociedade é tida por alguns como a sociedade pós-moral. Não se ensina
ética mais em praticamente lugar nenhum: nem em casa, nem nas escolas,
nem nas instituições e muito menos nas televisões e na internet. A
quantidade de informações que qualquer criança hoje possui não era comum
nem sequer em adultos de 50 anos, há três décadas.
Para se saber se a programação violenta interfere ou não na
personalidade das crianças vale a pena ler o livro “Handbook of Children
and Media”, de Dorothy Singer e Jerome Singer (org.), que é uma extensa
coletânea de artigos sobre a relação da Criança com as Mídias. Gilka
Girardello (veja no google “mídia e criança”) sublinhou (em relação ao
livro), dentre outros aspectos, os seguintes:
a) a relação das mídias com os medos, ansiedades e percepções de
perigo das crianças, que é discutida por Joanne Cantor no capítulo 10. A
autora conclui que de acordo com a somatória das pesquisas recentes, os
conteúdos das mídias podem, sim, ter efeitos prejudiciais consideráveis
sobre o bem-estar emocional das crianças.
Dentre as muitas e importantes conclusões deste estudo, que é um dos
mais amplos e profundos sobre o tema, destacam-se as seguintes:
a) 91% das crianças da amostra tinham acesso a um aparelho de TV.
b) as crianças do mundo passam em média 3 horas por dia diante da TV.
c) quando solicitadas a indicar o nome de um adulto exemplar, a
maioria das crianças (26%) citaram heróis de filme de ação, seguidos por
astros pop e músicos (18,5%).
d) o maior desejo de 40% das crianças era ter uma família estável.
Em suma, concluem os autores, “Combinada com a violência real que
muitas crianças experimentam, existe uma alta probabilidade de que
orientações agressivas e não pacifistas estejam sendo promovidas.”
O Painel Diário é um espaço aberto ao leitor.
Dúvidas, sugestões e críticas podem ser feitas pelo
email: paineldiario@diariodemarilia.com.br
O que leva um adolescente a matar a família e se suicidar?
LUIZ FLÁVIO GOMES
Jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br.
Estou ao vivo no portal e TVAD
Quando imaginamos já ter visto tudo no campo da violência, eis que um adolescente, de 13 anos, surge como suspeito de ter matado os pais, a avó e uma tia-avó. Caso tenha mesmo sido o menor o autor da tragédia, fica a pergunta: como pode um adolescente ser capaz de tamanha violência? Os psicólogos e criminológos têm um amplo campo de trabalho. Nós só temos condições de levantar hipóteses. A primeira: havia uma abundância enorme de armas de fogo na casa em que ele habitava. Se ele tinha contato frequente com essas armas, isso pode começar a nos oferecer pistas explicativas. Uma segunda tese: o mal está banalizado em toda América Latina (continente mais violento do planeta). Nossa sociedade é tida por alguns como a sociedade pós-moral. Não se ensina ética mais em praticamente lugar nenhum: nem em casa, nem nas escolas, nem nas instituições e muito menos nas televisões e na internet. A quantidade de informações que qualquer criança hoje possui não era comum nem sequer em adultos de 50 anos, há três décadas.
Para se saber se a programação violenta interfere ou não na personalidade das crianças vale a pena ler o livro “Handbook of Children and Media”, de Dorothy Singer e Jerome Singer (org.), que é uma extensa coletânea de artigos sobre a relação da Criança com as Mídias. Gilka Girardello (veja no google “mídia e criança”) sublinhou (em relação ao livro), dentre outros aspectos, os seguintes:
a) a relação das mídias com os medos, ansiedades e percepções de perigo das crianças, que é discutida por Joanne Cantor no capítulo 10. A autora conclui que de acordo com a somatória das pesquisas recentes, os conteúdos das mídias podem, sim, ter efeitos prejudiciais consideráveis sobre o bem-estar emocional das crianças.
Dentre as muitas e importantes conclusões deste estudo, que é um dos mais amplos e profundos sobre o tema, destacam-se as seguintes:
a) 91% das crianças da amostra tinham acesso a um aparelho de TV.
b) as crianças do mundo passam em média 3 horas por dia diante da TV.
c) quando solicitadas a indicar o nome de um adulto exemplar, a maioria das crianças (26%) citaram heróis de filme de ação, seguidos por astros pop e músicos (18,5%).
d) o maior desejo de 40% das crianças era ter uma família estável.
Em suma, concluem os autores, “Combinada com a violência real que muitas crianças experimentam, existe uma alta probabilidade de que orientações agressivas e não pacifistas estejam sendo promovidas.”
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LUIZ FLÁVIO GOMES
Jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br.
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Quando imaginamos já ter visto tudo no campo da violência, eis que um adolescente, de 13 anos, surge como suspeito de ter matado os pais, a avó e uma tia-avó. Caso tenha mesmo sido o menor o autor da tragédia, fica a pergunta: como pode um adolescente ser capaz de tamanha violência? Os psicólogos e criminológos têm um amplo campo de trabalho. Nós só temos condições de levantar hipóteses. A primeira: havia uma abundância enorme de armas de fogo na casa em que ele habitava. Se ele tinha contato frequente com essas armas, isso pode começar a nos oferecer pistas explicativas. Uma segunda tese: o mal está banalizado em toda América Latina (continente mais violento do planeta). Nossa sociedade é tida por alguns como a sociedade pós-moral. Não se ensina ética mais em praticamente lugar nenhum: nem em casa, nem nas escolas, nem nas instituições e muito menos nas televisões e na internet. A quantidade de informações que qualquer criança hoje possui não era comum nem sequer em adultos de 50 anos, há três décadas.
Para se saber se a programação violenta interfere ou não na personalidade das crianças vale a pena ler o livro “Handbook of Children and Media”, de Dorothy Singer e Jerome Singer (org.), que é uma extensa coletânea de artigos sobre a relação da Criança com as Mídias. Gilka Girardello (veja no google “mídia e criança”) sublinhou (em relação ao livro), dentre outros aspectos, os seguintes:
a) a relação das mídias com os medos, ansiedades e percepções de perigo das crianças, que é discutida por Joanne Cantor no capítulo 10. A autora conclui que de acordo com a somatória das pesquisas recentes, os conteúdos das mídias podem, sim, ter efeitos prejudiciais consideráveis sobre o bem-estar emocional das crianças.
Dentre as muitas e importantes conclusões deste estudo, que é um dos mais amplos e profundos sobre o tema, destacam-se as seguintes:
a) 91% das crianças da amostra tinham acesso a um aparelho de TV.
b) as crianças do mundo passam em média 3 horas por dia diante da TV.
c) quando solicitadas a indicar o nome de um adulto exemplar, a maioria das crianças (26%) citaram heróis de filme de ação, seguidos por astros pop e músicos (18,5%).
d) o maior desejo de 40% das crianças era ter uma família estável.
Em suma, concluem os autores, “Combinada com a violência real que muitas crianças experimentam, existe uma alta probabilidade de que orientações agressivas e não pacifistas estejam sendo promovidas.”
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