Postado em 01/07/2015 às 18:50
Campanhas de Inverno atraem mais doadores
Alojados em espaços abertos, moradores de rua sofrem com as baixas temperaturas
Categoria: Geral
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FABIELE FORTALEZA
“Não existe dia melhor ou pior para quem mora na rua. Todos os dias são ruins, são difíceis”, disse Salvador Ferreira dos Reis, 51, que vive pelas ruas de Marília há mais de 10 anos. Enrolado em um cobertor surrado e deitado no chão da antiga estação ferroviária, na região central, Salvador tenta conter o frio como dá, nem sempre consegue. “Passo muito frio, às vezes chego a tremer. Os cobertores e roupas que uso são doações. Nesta época do ano é comum mais solidariedade. Embora muita gente tenha medo dos moradores de rua, o inverno amolece um pouco mais o coração das pessoas”, desabafa o pedreiro, que deixou a casa onde morava com a esposa e os filhos por conta do crack e do álcool. Por situações como a de Salvador, o inverno é o período onde mais pessoas se mobilizam em prol de campanhas solidárias. O posto de combustível Fragata decidiu realizar a 1ª edição da campanha “Frio Solidário”, que arrecada cobertores. A campanha começou no início de junho e se estenderá até o final de julho. O objetivo era arrecadar 400 cobertores, mas até o momento mais de 600 cobertas foram doadas. “O objetivo é ajudar as instituições mais necessitadas da nossa cidade. Este é o pior período do ano para quem vive em abrigos ou até mesmo na rua”, disse Vanessa de Baptista Tenório, analista financeiro. Parte dos cobertores arrecadados foi comprada pelo próprio posto e outra parte provém de doações de clientes e população em geral. A empresa está analisando algumas instituições para direcionar as doações. O Centro Espírita Luz e Verdade também contribui com pessoas em situação de vulnerabilidade. Contudo, o trabalho da instituição ocorre durante todo o ano. De acordo com Ismael Gonçalves de Mattos, vice-presidente do Centro, 100 famílias são assistidas anualmente. A instituição oferece cesta-básica, palestras sobre saúde, educação e cidadania todos os domingos. Durante os encontros também é servido café da manhã e almoço. “As famílias são assistidas por, no mínimo, um ano. Os critérios para a seleção são: número de pessoas que reside na casa, taxa de desemprego e idade. Quando a situação financeira melhora elas saem do programa”, informou Ismael. Aos domingos, durante o almoço, aproximadamente 40 moradores de rua aparecem ao local pedindo por comida. Ismael explica que o Centro também ajuda essas pessoas, servindo o almoço e também doando roupa ou cobertor. “Nosso programa atende famílias já cadastradas. No entanto, nada impede de ajudar quem está precisando e não tem para quem recorrer, principalmente durante o inverno”, disse. Para Salvador, a principal dificuldade de quem mora na rua é lidar com a violência. “Ando sozinho, pois na rua ninguém tem amigo. Já morei em outras cidades e a dificuldade é a mesma”, contou. O pedreiro já conseguiu ficar quatro meses em casa, livre das drogas. Porém, não resistiu e voltou para o vício. Os filhos e a ex-mulher de Salvador moram em Vera Cruz, mas não mantêm contato com ele. Em Marília o único parente é um irmão, com o qual já perdeu o contato. “Tenho esperança e fé que vou sair dessa situação. Não sei como e nem como, mas vou sair”, disse Salvador, que no dia da reportagem confessou não ter fumado nenhuma pedra. |
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