domingo, 19 de maio de 2013

Luta por inédito tetra e recuperação pós-Libertadores marcam final na Vila

Esnobado pelos grandes que disputavam a Libertadores e criticado por todos, por causa de seu regulamento, o Paulistão se tornou a tábua de salvação dos clubes

DECISÃO - Corinthians saiu na frente e terá vantagem do empate na Vila. Santos precisa de dois gols
A Vila Belmiro assistirá hoje, às 16h, à decisão do título de campeão paulista de 2013. O clássico entre Santos e Corinthians, no entanto, vale muito mais que a conquista da taça do Estadual.
Esnobado pelos grandes que disputavam a Libertadores e criticado por todos, por causa de seu regulamento e de sua duração, o Campeonato Paulista se tornou a tábua de salvação dos clubes.
Do lado santista, o triunfo vale o tetracampeonato inédito a times em atividade. O único a alcançar tal feito foi o Paulistano na década de 1910. Se for campeão, o Santos ultrapassará o São Paulo em títulos estaduais (ambos têm 20) e ficará perto do Palmeiras, que tem 22 troféus.
Único entre os grandes paulistas que não jogou a Libertadores, o Santos fecha em casa o Estadual com a sensação de obrigação de vitória vinda das arquibancadas, que se estende a Muricy Ramalho, questionado por muitos dos torcedores santistas.
O Corinthians, por sua vez, tenta recompor-se quatro dias após ser eliminado pelo Boca Juniors do torneio continental. Tenta ainda justificar os mais de R$ 60 milhões investidos neste ano e a fama de vencedor que o acompanha desde o final de 2011.
Ganhar o 27º Paulista, além de ampliar sua soberania no Estado, pode trazer alento aos torcedores. E dar mais tranquilidade para o técnico Tite focar a nova prioridade do Corinthians: o Campeonato Brasileiro.
MATEMÁTICA
Para o time do Parque São Jorge, basta um empate para sagrar-se campeão. O Santos, por outro lado, precisa vencer por dois gols de diferença para que o adversário não festeje em sua casa.
O resultado seria um feito que ninguém conseguiu em 2013: o Corinthians perdeu quatro vezes no ano, todas por só um gol de diferença.
Caso a equipe estrelada por Neymar ganhe por um tento a mais, a disputa vai para os pênaltis, algo que não ocorre em decisões do Paulista desde 1975. No jogo de ida, domingo passado, no Pacaembu, houve vitória corintiana por 2 a 1.
EQUIPES
Por trás da necessidade de cada um, está em jogo o futuro de alguns atletas, principalmente o atacante Neymar e o volante corintiano Paulinho, que podem se despedir dos times que os revelaram.
Os dois, os únicos em campo que servirão à seleção brasileira na Copa das Confederações, podem deixar seus clubes rumo à Europa.
O astro santista voltou a ser tratado como prioridade pelo Barcelona. Já o corintiano é alvo da Inter de Milão.
RETROSPECTO
A invencibilidade na Vila Belmiro é uma das apostas do Santos para buscar a quarta taça consecutiva do Paulista. O último revés foi em 29 de agosto passado, quando caiu para o Bahia por 3 a 1. Desde então, foram 11 vitórias e seis empates. Não me meto muito no lado econômico do clube, mas sempre peço para atuar aqui, defendeu Muricy, que comandou o penúltimo treino do time, anteontem, no estádio.


Na final, times fogem da pressão por “obrigação” pela conquista

O Santos está a um jogo e dois gols de ser campeão paulista e alcançar o primeiro objetivo de 2013. O Corinthians está a um empate de ficar com a taça e amenizar a eliminação sofrida na Libertadores.
O cenário que envolve os rivais, pressionados hoje na Vila Belmiro, ajudou a valorizar a decisão estadual. Criticado por atrapalhar o calendário dos times, um revés pode tumultuar o ambiente antes da estreia no Brasileiro, no próximo fim de semana.
O discurso dos técnicos, no entanto, vai na contramão. O Corinthians, que caiu nas oitavas de final da Libertadores na última quarta e tem no Paulista a única chance de ter uma taça no semestre, evita dar o rótulo de “obrigação” para o título.
“Não. Nossa obrigação é manter o mesmo desempenho do time nos últimos jogos”, afirmou Tite, que durante a campanha chegou a poupar alguns titulares. “Títulos são importantes em todos os momentos. Hoje tem esse cunho de carinho, de retribuição à torcida.”
O Santos, único entre os grandes do Estado que não teve outra disputa paralela ao torneio - fez três jogos da Copa do Brasil, cuja definição será em novembro -, foi mais cobrado no Estadual.
Mas a falta de apresentações regulares acabou gerando pressão sobre Muricy Ramalho e o atacante Neymar, que foi vaiado em jogos na Vila Belmiro. Ainda assim o técnico rejeita ser “obrigação”.
“Todas as decisões são importantes. Estou aqui há dois anos e um mês e essa é minha quinta decisão. É importante demais, pois vivemos disso”, argumentou Muricy, que classificou a ida à decisão como uma resposta da equipe.
“Esse grupo foi renovado e já deu resultado, pois está em uma final. É importante demais, para mim, para o clube. Se for campeão, um tetra [consecutivo] vai ficar na história de todos nós.”
SEM NOVIDADES
Tite e Muricy não devem apresentar novidades no jogo. A tendência é que o corintiano repita a escalação do primeiro tempo no Pacaembu, enquanto o santista use a formação da etapa final.
A principal dúvida de Muricy é o meia Montillo. Ele se recupera de lesão muscular na coxa esquerda e será reavaliado hoje pela manhã no CT Rei Pelé. Se não atuar, Felipe Anderson será titular.
No ataque, André deve entrar no lugar de Miralles. O setor preocupa Muricy, que disse que não tem um companheiro a altura para Neymar.
“Teremos adversidades, alguns momentos o Santos vai estar criando. Mas nós, desde o início, vamos buscar o gol”, advertiu Tite.


Partida terá duelos particulares e uma possível dupla despedida

Os dois únicos representantes da seleção brasileira em campo na decisão do Estadual podem despedir-se hoje dos gramados brasileiros.
Neymar, 21, e Paulinho, 24, já foram sondados em outras épocas, mas jamais estiveram tão próximos de sair do país.
Muricy Ramalho e Tite foram questionados sobre a possibilidade de dupla despedida no clássico. “Ele vai sair, está até demorando, mas uma hora vai sair”, disse Muricy. “Lutaria bastante para permanecer com o Paulo, mas sei de todo esse envolvimento, assim como das possibilidades com relação ao Neymar”, diz Tite.
O Santos negou proposta de R$ 47 milhões do Barcelona por sua estrela. Mas o presidente em exercício do clube, Odílio Rodrigues, afirmou que “não há como concorrer com propostas de fora”.
Pessoas ligadas à diretoria afirmam que Neymar jamais esteve tão próximo de sair desde 2010, quando o Chelsea ofereceu 35 milhões de libras.
No caso de Paulinho, a eliminação precoce do Corinthians na Libertadores é que pode acelerar sua saída. O volante já recebeu duas propostas da Inter de Milão - a última, no começo do ano, por volta de R$ 50 milhões.
Na época, o presidente do clube italiano, Massimo Moratti, disse que faria nova investida em junho, após o torneio sul-americano. O discurso dos cartolas corintianos também sempre se baseou na necessidade de mantê-lo até a Libertadores de 2013.
Mas há outros duelos que apimentam o tira-teima do clássico que definiu os campeões estaduais de 2009 (Corinthians) e de 2011 (Santos).
A começar pelo banco de reservas: Tite e Muricy são os técnicos há mais tempo no mesmo time na elite do futebol brasileiro e vão duelar pela 23ª vez - a 12ª à frente de seus clubes atuais. Neste tempo, Muricy venceu quatro, empatou cinco e perdeu duas.
“É um grande vencedor”, disse Tite. “O Corinthians já era forte ano passado e, nesse ano, investiu muito novamente. Ficou mais forte ainda”, elogiou Muricy.
No gol, dois arqueiros que classificaram seus times até esta final candidatam-se ao posto de herói. Rafael defendeu pênaltis nas disputas contra Palmeiras e Mogi Mirim. Seu colega Cássio pegou cobrança de Luis Fabiano na semifinal contra o São Paulo.
Emerson, do Corinthians, e Léo, do Santos, ocupam posições diferentes - atacante e lateral -, mas estranham-se desde o ano passado. Na partida do último domingo, Léo deu um encontrão em Emerson e levou amarelo.
Após a partida, trocaram camisas e um caloroso abraço.




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